quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Dos Quadris da Cigana...



Qual fogo que arde,
eis que o amor me consome.
Nas vestes da cigana
posso ver a chama
que invade o peito
e incendeia corações.
Seus quadris,
em movimentos opostos,
seduzem a mim
e ao mais tímido espectador.
As mãos encantadoras
chicoteiam redemoinhos no espaço,
o ar se revolve,
como o mar em maremotos.
E sugados por um tornado
os homens são.
É impossível não olhar!
Os cabelos negros
que lhe tombam no dorso
dançam acalentados pelo vento.
As jóias no pescoço,
pés, dedos e mãos,
lançam um tiritar
na atmosfera
que acompanha o seu bailado.
Os lábios,
vermelhos cor-de-sangue,
são fartos e de sabor doce.
Os pés descalços
fazem eco no solo,
levantando a poeira da terra.
De onde veio?
Detrás das montanhas,
onde um cortejo
anunciava sua chegada
ao som da música
dos violinos e pandeiros.
Para onde vai?
Ninguém sabe...

Portfoliar



Primeiros traços,
primeiras marcas.
Sentir o giz,
explorar o papel.
Riscar vorazmente,
conhecer o prazer da Arte.
Mão pequenina
que desliza um pincel,
se levanta ao ar
e procura alcançar
a mão forte
que lhe faça pular,
saltar, voar.
Voar no mundo da imaginação:
brincar de faz-de-conta.
Jogar bola,
correr na grama,
fazer bolos de areia
com sabor de chocolate e caju.
A semente foi plantada,
germinou, nasceu, cresceu.
Virou árvore frondosa:
limoeiros e laranjeiras.
A mão que balançava
hoje diz:
"Olha! Eu consigo!"
O que antes era silêncio
vira fala,
o que antes era ouvir
vira conversa,
o que antes era aprender
vira música.
As marcas são mais precisas,
a expressividade
toma o ser infantil.
Época de colher os frutos!
Colhê-los,
Colocá-los a mesa
para serem vistos,
apreciados,
degustados.
É hora de portfoliar...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Peixe Azul



Há uma semana, na aula de teatro, a profª pediu que escolhessemos entre água doce e água salgada (eu escolhi água doce). Mergulhamos na água e de repente fomos transformados em um animal, eu era um Peixe Azul, lindo!
Na semana seguinte, a profª estava contando uma caso de uma moça que tinha virado uma mulher-foca no mesmo exercício. Estranho, não?
Mais estranho é que depois a profª pediu para que ela procurasse alguma história sobre mulheres-foca. E não foi que ela achou! Na história a mulher-foca perdia um filho e adivinhem o que essa moça tinha a ver com a mulher-foca? Isso mesmo, ela tinha sofrido um aborto. Mas pasmem, a moça não conhecia esta história.
Sabendo disso, me aventurei na net procurando por histórias de Peixe Azul, afinal, vai que eu tenho algum trauma desconhecido! kkkk... E não é que eu achei? Tem um livro infantil do Gabriel Chalita com o Maurício de Souza que chama "O Peixe Azul". Eu quero!!!! Minha próxima aquisição...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Das maravilhas de ser criança...

Ultimamente as aulas da pós tem despertado o que há de melhor em mim e, junto a isso, tenho refletido muito sobre "ser criança". A criança pequena não guarda rancor, ama intensamente, se entrega, não tem medo de ser julgada e descobre a felicidade em pequenas coisas. Quero acordar a criança que existe em mim, despertar, cantar para ela:

Ô rosa lira lirais,
Quem tá dormindo acordais,
Quem tá dormindo acordais,
Quem tá dormindo acordais.

(Cantiga tradicional de mulheres da Serrinha/BA)

E em homenagem a elas dedico os meus versos:

Mundo Imaginário

Receber um carinho,
o desenrolar dos dedos num afago.
Cantiga e acalanto de mãe
que te toma com todo cuidado.

Se tornar criança,
ter a bola mais bonita.
Momentos da infância...
Ah, minhas memórias benditas!

Vi um peixe azul,
nele me transformei.
No frenesi da sua dança,
na água doce mergulhei.

Viajei para o circo,
fui bailarina, malabarista.
Mas a lona, na ventania,
me fez ser equilibrista.

No vento virei pássaro
na entrega do primeiro vôo.
Cresci, já não sou filhote,
se quebrou a casca do ovo.

No vôo em alto mar
ganhei minha liberdade.
Não me canso de voar,
conquistei a felicidade.

No final, sou criança grande
que se esconde no armário,
para apenas visitar
seu imenso mundo imaginário.