terça-feira, 11 de outubro de 2011

Das uvaias de D. Yayá...




Um casarão,
a garoa fina,
as árvores balançando ao vento.
O som do violão,
um piano,
vozes melodiosas.
Bordados cosidos à mão
que mostravam uma cena,
uma história.
Debaixo das uvaias
D. Ana e D. Dita
fazem ciranda
em homenagem a Lia de Itamaracá.
O trem das onze parte,
o atabaque ressoa
e ouve-se os pés
que assentam o solo:
é o jongo.
Ao sentar-se no banco do jardim
sente-se a harmonia
e sabe-se que esse momento
será nostalgia.

08/10/2011

Raphael




Como eu me senti importante!
Meus braços
eram refúgio,
segurança.
Ele chamava meu nome,
eu dizia "Estou aqui!"
e isso lhe bastava.
Meu colo virou descanso.
Seu coração acelerado
se acalmava
ao som das batidas do meu.
E ali ficou,
dormitou.
Mas ainda teve coragem,
coragem para olhar
e perguntar:
"Acabou?".
E eu dizia não.
Mais tarde,
nos encontramos novamente.
Ele apreciava minha fronte
em sinal de agradecimento.
Tinha um leve sorriso nos lábios,
enquanto analisava com as mãos
os traços de minha face.
Eu sorri,
ele retribuiu.
Jamais vou esquecer!
Temos um vínculo:
o amor.
Ele seria capaz
de reconhecer meu rosto
apenas com a ponta dos dedos
e de olhos fechados.
Amo-o!

08/10/2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Metamorfose



Das reminiscências do passado
retiro minhas imagens,
minhas dores,
minhas aflições.
“Eu perdi o meu medo da chuva...”
e agora corro com as tempestades.
O que cresceu em mim
virou gigante cereja cor-de-vinho.
A delicadeza que se esvai
se torna força.
A chuva que molha
já não importa,
danço ao som de seus pingos.
Já não é necessário
se abrigar embaixo das árvores,
posso voar com liberdade.
A semente que se abre
é borboleta que se expande.
O caule que rompe a terra
busca a luz
e a luz encontra.
Sigo meus passos
revendo devaneios
daquilo que fui,
daquilo que sou
e daquilo que serei.
A névoa que encobria o céu
já não me atordoa mais,
pois sei que de manhã
o sol se abre
e dissipa a obscuridade.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Dos Quadris da Cigana...



Qual fogo que arde,
eis que o amor me consome.
Nas vestes da cigana
posso ver a chama
que invade o peito
e incendeia corações.
Seus quadris,
em movimentos opostos,
seduzem a mim
e ao mais tímido espectador.
As mãos encantadoras
chicoteiam redemoinhos no espaço,
o ar se revolve,
como o mar em maremotos.
E sugados por um tornado
os homens são.
É impossível não olhar!
Os cabelos negros
que lhe tombam no dorso
dançam acalentados pelo vento.
As jóias no pescoço,
pés, dedos e mãos,
lançam um tiritar
na atmosfera
que acompanha o seu bailado.
Os lábios,
vermelhos cor-de-sangue,
são fartos e de sabor doce.
Os pés descalços
fazem eco no solo,
levantando a poeira da terra.
De onde veio?
Detrás das montanhas,
onde um cortejo
anunciava sua chegada
ao som da música
dos violinos e pandeiros.
Para onde vai?
Ninguém sabe...

Portfoliar



Primeiros traços,
primeiras marcas.
Sentir o giz,
explorar o papel.
Riscar vorazmente,
conhecer o prazer da Arte.
Mão pequenina
que desliza um pincel,
se levanta ao ar
e procura alcançar
a mão forte
que lhe faça pular,
saltar, voar.
Voar no mundo da imaginação:
brincar de faz-de-conta.
Jogar bola,
correr na grama,
fazer bolos de areia
com sabor de chocolate e caju.
A semente foi plantada,
germinou, nasceu, cresceu.
Virou árvore frondosa:
limoeiros e laranjeiras.
A mão que balançava
hoje diz:
"Olha! Eu consigo!"
O que antes era silêncio
vira fala,
o que antes era ouvir
vira conversa,
o que antes era aprender
vira música.
As marcas são mais precisas,
a expressividade
toma o ser infantil.
Época de colher os frutos!
Colhê-los,
Colocá-los a mesa
para serem vistos,
apreciados,
degustados.
É hora de portfoliar...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Peixe Azul



Há uma semana, na aula de teatro, a profª pediu que escolhessemos entre água doce e água salgada (eu escolhi água doce). Mergulhamos na água e de repente fomos transformados em um animal, eu era um Peixe Azul, lindo!
Na semana seguinte, a profª estava contando uma caso de uma moça que tinha virado uma mulher-foca no mesmo exercício. Estranho, não?
Mais estranho é que depois a profª pediu para que ela procurasse alguma história sobre mulheres-foca. E não foi que ela achou! Na história a mulher-foca perdia um filho e adivinhem o que essa moça tinha a ver com a mulher-foca? Isso mesmo, ela tinha sofrido um aborto. Mas pasmem, a moça não conhecia esta história.
Sabendo disso, me aventurei na net procurando por histórias de Peixe Azul, afinal, vai que eu tenho algum trauma desconhecido! kkkk... E não é que eu achei? Tem um livro infantil do Gabriel Chalita com o Maurício de Souza que chama "O Peixe Azul". Eu quero!!!! Minha próxima aquisição...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Das maravilhas de ser criança...

Ultimamente as aulas da pós tem despertado o que há de melhor em mim e, junto a isso, tenho refletido muito sobre "ser criança". A criança pequena não guarda rancor, ama intensamente, se entrega, não tem medo de ser julgada e descobre a felicidade em pequenas coisas. Quero acordar a criança que existe em mim, despertar, cantar para ela:

Ô rosa lira lirais,
Quem tá dormindo acordais,
Quem tá dormindo acordais,
Quem tá dormindo acordais.

(Cantiga tradicional de mulheres da Serrinha/BA)

E em homenagem a elas dedico os meus versos:

Mundo Imaginário

Receber um carinho,
o desenrolar dos dedos num afago.
Cantiga e acalanto de mãe
que te toma com todo cuidado.

Se tornar criança,
ter a bola mais bonita.
Momentos da infância...
Ah, minhas memórias benditas!

Vi um peixe azul,
nele me transformei.
No frenesi da sua dança,
na água doce mergulhei.

Viajei para o circo,
fui bailarina, malabarista.
Mas a lona, na ventania,
me fez ser equilibrista.

No vento virei pássaro
na entrega do primeiro vôo.
Cresci, já não sou filhote,
se quebrou a casca do ovo.

No vôo em alto mar
ganhei minha liberdade.
Não me canso de voar,
conquistei a felicidade.

No final, sou criança grande
que se esconde no armário,
para apenas visitar
seu imenso mundo imaginário.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

As pequenas coisas da vida...

Tenho refletido sobre a riqueza das pequenas coisas da vida. Todo dia eu ganho uma flor no meu trabalho de uma aluna minha, e só me dei conta da beleza do ato quando a Babi me disse "igual ao meu trabalho". O que ela queria dizer era que por lá o negócio é barra pesada. Eu recebo flores e sorrisos todos os dias, o que mais eu posso desejar? Lógico que dá trabalho ser professora, as crianças às vezes nos dão um baile. Mas em que trabalho eu poderia ir em uma balança, numa gangorra, no gira-gira e não ser chamada de louca? Em que trabalho eu poderia cantar, dançar, virar cambolhota, assistir desenhos animados, ficar descalça, brincar com água e não ser taxada de "infantil"? Em qual lugar eu poderia sorrir só de ouvir uma palavra nova que um de meus alunos aprendeu ou de alguma coisa bonitinha que eles disseram como "Eu vou te salvar!" ou "Eita penga!"? Só no meu trabalho... Em que lugar eu poderia levar uma mousse de maracujá para dividir com meus colegas em uma reunião de trabalho e nessa reunião contar histórias vestindo fantasias e dando gargalhadas? O mundo do professor é um mundo mágico, cheio de pequenas coisas boas que a vida nos dá. Com os meus alunos eu aprendi a ouvir a música do vento, com eles eu aprendi a desestressar, com eles eu aprendo todos os dias a ser feliz!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

E mais uma vez a Fênix renasce...

Pensando bem, não poderia ter escolhido melhor nome para este blog. Pois assim como a Fênix eu tenho renascido das cinzas por muitas vezes. Também como a lua eu tenho tido muitas fases. A minha fase atual me dá certa alegria, pois nunca estive tão madura, tão corajosa e tão consciente da pessoa que sou, e com certeza isso vai melhorando com o passar do tempo. Tenho dedicado o meu tempo a coisas que me fazem bem e que fazem bem aos outros e olhando para a minha vida hoje penso que não tenho do que reclamar. Sinto a beleza no vento, numa boa leitura, na dança dos corpos e no sorriso das crianças. E consigo me sentir feliz apenas com um bolo de fubá assando e uma xícara de leite com café quentinha numa tarde fria. Eu mudei tanto... Essa é a melhor das fases da Fênix e sinto que está chegando algo que vai me fazer mais feliz ainda. Obrigada Deus!

Eu cresci...

Cada vez que eu leio esse blog depois de muito tempo, eu termino a leitura com determinada sensação, mas dessa vez é diferente. Estou bem, e li com um sorrisinho no lábio como quem diz: "Tudo passou, que bom!". Das outras vezes tive vontade de deletá-lo, mas agora vejo que existe tanta coisa de meu nele, tanto sentimento, tanto sobre mim, que não tenho coragem. Pelo contrário, me sinto entusiasmada a divulgá-lo, assim como um amigo espiritual me disse. É óbvio que ele não me disse para divulgar o blog, mas me disse que eu precisava de um tempinho por dia para escrever e também que eu não guardasse o que eu escrevesse só para mim. Era o que eu fazia com esse blog, guardava há vários anos só para mim. Sou muito crítica com o que escrevo, hoje gosto e amanhã odeio, mas estou melhorando nesse aspecto. Quem sabe agora eu seja mais tolerante comigo. Abramos as portas das poesias, dos poemas e das músicas, pois voltei! E voltei melhor do que antes, pois lendo tudo, hoje consigo entender o quanto cresci, o quanto mudei, o quanto melhorei. E isso é o que importa!